Ler mentes

sexta-feira, março 25, 2016
Depois de tanto adiar, hoje a minha mãe teve finalmente a disponibilidade para beber um café com natas comigo, no Atelier do Café.  Falamos sobre diversas coisas, mas também houve momentos de silêncio entre nós, e foram nesses momentos em que eu desejava conseguir ler a sua mente. Mesmo que ela estivesse a usar os seus óculos escuros, eu conseguia ver os seus olhos pensativos, talvez porque eu saiba que ela está sempre a pensar em alguma coisa, a toda a hora, ou simplesmente estava a imaginar coisas, mas a primeira opção parece-me a mais acertada. Ela pode parecer que está simplesmente a relaxar enquanto bebe o seu café, mas isso é uma mentira em que todos caem. Se olharmos bem para esta mulher, que é a minha mãe, podemos perceber que ela está a planear qualquer coisa, ou então a arranjar uma maneira de te dizer algo que pode despertar uma discussão, ou apenas a pensar o que vai fazer quando chegar a casa. Pode mesmo estar a pensar nas coisas mais patetas, mas a verdade é que a mente daquela mulher não pára, nem por um segundo. E se alguém pensa o contrário, tenho a dizer que nesse caso, o pateta é o indivíduo que duvida do que eu escrevo. 
É em momentos como este que a minha vontade é simplesmente sair do meu consciente e entrar no dela, ou numa maneira mais simples, conseguir ler a sua mente. Por vezes a minha curiosidade leva a melhor e pergunto-lhe diretamente no que é que ela está a pensar, por vezes ela diz-me a verdade, mas outras vezes ela mente. Fica atrapalhada, começa por dizer que estava a pensar na 'morte da bezerra' e no segundo a seguir já diz que estava a pensar no que vai ser o jantar nesse dia. Quando ela me responde dessa maneira, eu fico com medo do que poderia a estar a passar pela sua cabeça naquele momento. 
Será que queria dizer-me algo importante, mas perdeu a coragem? Será que ela errou e não quer admitir? Será que se sente triste e tem medo de desabafar? O que se passa? 
Mesmo com todas essas questões na minha cabeça e com teorias bastante obscuras e que eu gostava que não fossem uma opção, não insisto mais no assunto e o silêncio volta a pairar sobre nós. 

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